A Incliva realça que o trabalho representa um marco na compreensão desta doença, que até ao momento só pode ser tratada por parto urgente ou cesariana, levando a partos prematuros que colocam em risco a saúde da mãe e do feto.
O estudo centra-se na decidualização do endométrio, porque nas mulheres com pré-eclâmpsia este processo não é realizado corretamente. Através de tecnologias avançadas, como a análise digital de tecidos, a sequenciação unicelular e a biologia espacial, a equipa de investigação multidisciplinar consegue caracterizar detalhadamente a resistência à decidualização no útero de utentes que sofreram pré-eclâmpsia grave.
No fim, os cientistas conseguiram perceber que o endométrio em mulheres com pré-eclâmpsia apresenta uma morfologia glandular anormal.
Segundo a primeira autora do estudo, Irene Muñoz, "a análise de células individuais mostra que as células deste endométrio afetado tendem a proliferar em vez de se diferenciarem e especializarem como deveriam".
Foi também observada uma comunicação defeituosa entre as células estromais e epiteliais, o que poderá contribuir para o desenvolvimento da doença.
"Criámos um mapa interativo do endométrio, semelhante a um Google Maps, onde podemos ver como as células endometriais interagem e o que está a correr mal nas mulheres com pré-eclâmpsia", explica a investigadora principal da Fundação Carlos Simón e Incliva, Tamara Garrido.
Os resultados deste estudo poderão ter um impacto noutras condições ginecológicas e reprodutivas, como a endometriose, na qual a decidualização também está prejudicada.
Fonte: Lusa